domingo, maio 19, 2024
Tecnologia

Inteligência Artificial Generativa: as divergências sobre o uso da ferramenta

Inteligência Artificial traz muitas facilidades em sua utilização, entretanto, para meios de trabalho distintos, apresenta várias faces, como anseio para o futuro, tranquilidade com o seu uso já no passado e dúvidas

Ariane Correia, Fernando Sapore, Geisa Aguiar, Lorena Gaudêncio e Marcela Calixto 

O mundo das profissões criativas, como o jornalismo e design gráfico, sofre com o avanço da tecnologia, mudanças significativas. Das máquinas de escrever aos computadores modernos, do telefone fixo para os smartphones atuais, das câmeras fotográficas analógicas às digitais, todas essas mudanças criaram um grande impacto nessas profissões. Recentemente, com a crescente da Inteligência Artificial Generativa, as formas de se comunicar e trabalhar vêm se modificando.

Segundo Guilherme Silveira, Head de Educação e Co-fundador da Alura, a IA generativa introduziu, de forma mais abrupta, o uso da lógica dos algoritmos para criar novos textos e imagens, a partir da inserção de dados de forma prévia. Esse tipo de tecnologia combina padrões e características vigentes para criar algo novo, o que vem gerando debates sobre a substituição da mão-de-obra humana pelo uso de ferramentas como o Chat GPT. 

Como em todas as profissões, o novo pode ser algo assustador. Porém, ao ser entendido e bem desenvolvido, pode favorecer o dia-a-dia do trabalho. Maiara Orlandini, jornalista e pesquisadora que atua com inteligência artificial e análise de dados, afirma que “a IA generativa já se encontra no cotidiano jornalístico há alguns anos, mesmo antes do Chat GPT”.  Ela relata que “grandes redações, jornais e emissoras de televisão utilizam essa tecnologia para arquivamento de reportagens e banco de imagens de forma automatizada”.  

Ainda de acordo com Maiara, a IA generativa alterou a forma de produção do fazer jornalístico por fornecer facilidades para a realização do trabalho. Contudo, alguns anseios também chegam junto ao avanço dessa ferramenta, destaque para a automatização da produção da notícia e escrita, funções que, conforme a jornalista,  podem ser substituídas pela máquina e despertam, assim, o medo da perda de espaço no mercado de trabalho. 

A ascensão da IA nesses últimos anos auxilia também no recrutamento e seleção da mão-de-obra em grandes empresas nacionais e internacionais. Para a analista de recrutamento e seleção de filiais da Localiza&CO de Belo Horizonte, Bárbara Stefany, as plataformas de seleção advindas da inteligência artificial conseguem auxiliar desde o processo de inscrição até a contratação do candidato. Além disso, a captação dos candidatos acontece de forma mais direcionada por meio dos “filtros de seleção”. “Hoje, nós utilizamos a plataforma da Guppy. Por meio dela é feita toda a divulgação e o acompanhamento de candidatos internos e externos. No decorrer do processo, é feita uma triagem através da IA”, afirma Bárbara. 

A recrutadora explica que, se existem 1.000 candidatos, mas precisa apenas de quem tenha experiência em determinada especificação, a inteligência artificial faz essa “filtragem” e evita que seja realizada a análise de todos os currículos, agilizando a contratação e otimização do tempo.

Nesse contexto, fica notório que a inteligência artificial generativa emergiu como uma das fronteiras mais criativas da computação, afinal, ela está moldando a interação humana com a máquina. Pedro Henrique Nogueira, desenvolvedor de sistemas, faz uso da IA Generativa em seu dia-a-dia, há mais de seis anos. No meio acadêmico, a ferramenta foi utilizada como gancho de descoberta da tecnologia; já no âmbito profissional, a IA é essencial para a sua rotina. 

“Faço uso do chat GPT, para entender algumas diferenças na linguagem de programação. Além disso, o GPT me auxilia na verificação de normas técnicas, padrões de projetos, regras de sintaxe e expressões regularmente utilizadas na programação e desenvolvimento de softwares”, ressalta o desenvolvedor que, atualmente, utiliza a IA Generativa para trazer soluções rápidas e eficientes para a continuidade do desenvolvimento da sua profissão. 

Ainda no âmbito dos potenciais malefícios associados a essa tecnologia inovadora, as profissões criativas são as mais passíveis de medos e anseios, e quando questionados sobre os avanços da IA, na maioria das vezes a resposta é unânime. É o caso da design gráfica, Renata Bottoni. ”Não vejo, ainda, uma substituição total da mente humana pela máquina. Contudo, imagino que haverá grandes mudanças no processo criativo. A maior delas será no briefing das criações, na exploração de ideias e de mensagens que queremos passar”, comenta.

Regulamentação da IA

Diante desse cenário de avanços acelerados, em que a inteligência artificial consegue auxiliar profissionais de diversas áreas, uma discussão sobre a regulamentação dessa tecnologia começa a ser pautada no Senado Federal brasileiro. Em junho deste ano, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentou um Projeto de Lei que visa a regulamentação do uso da IA. 

De acordo com o texto, a proposta é “conciliar,  na disciplina legal, a proteção de direitos e liberdades fundamentais, a valorização do trabalho e da dignidade da pessoa humana e a inovação tecnológica representada pela inteligência artificial”. 

Ainda em processo de análise em comissões, o PL 2.338/23 revela a necessidade de uma normatização dessa tecnologia tão utilizada nestes últimos anos. Afinal, faz-se necessário regrar a IA, pois, assim como a internet, ela pode ser útil em diversos campos da vida de uma pessoa, mas se utilizada de forma incorreta, ou ainda, para fins inapropriados, ela pode ser fatal. 

Ciente disso, Pacheco salienta no requerimento do PL, “é imperioso que os projetos que tratam do tema inteligência artificial sejam examinados e consolidados, tanto quanto possível, para que o uso inteligência artificial no Brasil seja tratado com a importância e a seriedade que o povo brasileiro anseia”. 

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