domingo, maio 19, 2024
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A jornada de uma apaixonada por futebol rumo à Comunicação

Pelos caminhos até Belo Horizonte: uma trajetória de paixão, desafios e crescimento na capital mineira

Ariane Correia

Nasci no interior de Minas Gerais, em Paraguaçu, numa casinha simples onde minha paixão pela comunicação e pelo futebol começou a florescer. Aos sete ou oito anos, observava meu pai ouvir os jogos do Atlético Mineiro na rádio Itatiaia, e suas comemorações discretas, apenas levantando a mão e dizendo “gol”, deixavam claro o brilho de felicidade em seus olhos. Eu, por minha vez, aproveitava esses momentos para estar ao lado dele, absorvendo a atmosfera única que o futebol proporciona.

À medida que crescia, meu amor pelo futebol se intensificava, principalmente pelos jogos do Atlético Mineiro, o Galo, como é popularmente conhecido, o time do coração do meu pai. No entanto, por conta de uma má formação congênita no pé, era impedida de praticar o esporte, o que gerava em mim uma mistura de paixão e tristeza. Com isso, decidi então transformar minha paixão em profissão: ser uma jornalista esportiva. Minha jornada rumo à realização desse sonho começou no Ensino Médio, onde, entre vários meninos, eu era a única menina a falar com entusiasmo sobre futebol. Os elogios dos amigos do interior elevaram minha confiança, levando-me a dedicar-me intensamente ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar na faculdade de Jornalismo.

A cidade de Belo Horizonte, que visitei pela primeira vez aos nove anos, conquistou meu coração, tornando-se o cenário dos meus sonhos. Ao prestar vestibular, meu desejo era estudar na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) ou na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC), Campus São Gabriel. A PUC, com suas vagas noturnas, acabou sendo a escolhida, e a emoção de ser aprovada foi indescritível.

Em todo esse tempo, enfrentei desafios financeiros e contei com o apoio valioso da minha irmã, 13 anos mais velha, que sempre foi uma figura materna para mim. A busca por uma bolsa era crucial, e, após tentativas no Programa Universidade para Todos (Prouni) e financiamento da PUC, quando consegui a bolsa social da própria PUC, foi como uma luz no fim do túnel, permitindo-me realizar meu sonho com uma bolsa de 50%.

A decisão de mudar-me para Belo Horizonte não foi apenas pela faculdade, mas também por um profundo desejo de vivenciar tudo que essa cidade singular tem a oferecer. Desde minha primeira visita, aos nove anos, fui cativada pela beleza única de BH e nutri um sonho de um dia chamar essa cidade de lar. A capital mineira não é apenas um lugar, mas uma fonte inesgotável de experiências para mim. Muita cultura, ensinamentos e oportunidades de crescimento. Em cada esquina tenho a oportunidade de descobrir novos sabores, de ir em eventos culturais e sentir a energia pulsante que a capital transmite. Para mim viver em Belo Horizonte não é apenas uma mudança geográfica, mas uma busca constante por crescimento pessoal e profissional em um ambiente que respira história, tradição, modernidade e futebol.

Me mudei para Belo Horizonte em janeiro de 2019 com apenas 18 anos, me sentindo pronta para todos os enfrentamentos e desafios de uma cidade grande. A adaptação foi facilitada pela amizade de Marcela, Geisa e Lorena, companheiras inseparáveis que me ajudaram a encontrar meu lugar no curso de Jornalismo, mas a minha jornada acadêmica não foi isenta de desafios, intensificados pela pandemia da COVID-19. O ensino remoto trouxe novos obstáculos, mas também oportunidades de aprendizado, como minha experiência na monitoria do laboratório de vídeo do Campus São Gabriel, onde mergulhei no universo da edição audiovisual, somando valiosos conhecimentos ao meu currículo e na qual também estou podendo adquirir mais conhecimento ainda por favor fazer mais uma vez monitoria (no LABSG) em um lugar que me recebeu tão bem.

Junto das minhas amigas tive muitos momentos bons na faculdade, trabalhos que realizamos juntas, lugares que elas me levaram para conhecer, e familiares delas os quais eu conheci e pude chamar de tia ou tio, como a Tia Elaine, mãe da Marcela, e a tia Inês, mãe da Geisa. Elas me acolheram com muito amor, fazendo com que a minha estadia aqui em Belo Horizonte fosse mais tranquila. Junto delas e da bela amizade que fiz com a Isabella Alvim, a amiga que fiz também na faculdade e que atualmente divide a casa comigo, realizamos a tarefa que eu denomino mais difícil da minha vida, o nosso TCC. Passei por todas as emoções, negação, felicidade, empolgação, tristeza, choque de realidade entre várias outras até chegar na de alívio por ter entregado algo tão perfeito, com muito êxito e dedicação. Fomos aprovadas com nota máxima! Me fazendo lembrar do porque eu quis tanto fazer jornalismo, além de elevar ainda mais o meu amor pela profissão e a cidade.

Morando com a Isabella, passei por algumas situações da qual me serviu de aprendizado e que vou levar para a vida toda. Demos boas risadas, chorei muito no colo dela e também conheci vários lugares com ela. Conheci pessoas que fazem parte do ciclo dela e aprendi a me adaptar a ela, assim como ela conheceu a minha família, meus jeitos e hoje posso dizer que a pessoa que mais me conhece no momento é ela! 

Belo Horizonte também me proporcionou inúmeras emoções. A primeira delas foi a oportunidade de conhecer o estádio onde sempre vi meu time do coração jogar. Entrei com o pé direito, mas claro, para poder dar azar ao meu adversário, até porque fui conhecer o Mineirão em um jogo do meu arquirrival, Cruzeiro. Independentemente do jogo, eu fui por amor ao esporte e posso dizer que foi um dos melhores dias da minha vida. Eu não piscava, olhava para todos os cantos com muita emoção, sem acreditar que consegui chegar até ali. O que também ocorreu com a minha primeira visita ao estádio do Atlético, a famosa Arena MRV. Estar no “terreiro”, como chamamos carinhosamente nosso estádio, foi realmente o melhor dia da minha vida, a emoção, a vontade de chorar e saber que o sonho da Ariane de nove anos estava sendo realizado.

Foram essas reações e emoções que desejei sentir e viver quando decidi fazer faculdade em Belo Horizonte. Foram todas essas experiências que eu pedi e verbalizei viver. Agora, olhando para trás, vejo uma trajetória de superação, dedicação e paixão. Meu sonho de ser uma jornalista esportiva está mais próximo do que nunca, até porque estou chegando no último capítulo dessa fase, me formando em jornalismo, e Belo Horizonte se torna não apenas o palco, mas a protagonista da próxima fase da minha história. A cidade que encantou meus olhos aos nove anos agora se revela como o cenário onde construo não apenas minha carreira, mas também minha identidade. Sigo a minha jornada como jornalista, me desafiando em outras áreas para que um dia eu realmente seja a Ariane, jornalista esportiva.

Várias pessoas cruzaram meu caminho nesse processo, viveram momentos importantes e fizeram todo o meu amor pela cidade crescer, além de ajudarem a moldar a profissional que estou me tornando. O futuro reserva mais capítulos emocionantes, e estou pronta para enfrentar cada desafio com a mesma paixão que me guiou desde os primeiros momentos ao lado do rádio, ouvindo meu pai celebrar os gols do Galo e a minha primeira viagem para BH.

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