domingo, maio 19, 2024
Belo HorizonteCidade

Bancas de revista em Belo Horizonte: uma nova era de utilidades além das notícias impressas

Apesar da queda nas vendas, donos de bancas encontram alternativas para manter clientela

Geisa Aguiar

As bancas de revista em Belo Horizonte têm sido testemunhas do passar do tempo, resistindo e se adaptando a diferentes transformações ao longo dos anos. Presente há mais de um século, esses pontos de venda de notícias e entretenimento desempenharam um papel crucial na vida cotidiana dos belo-horizontinos, atravessando épocas de avanços tecnológicos e desafios como a pandemia global.

Durante décadas, esses locais foram o principal ponto de acesso à informação, oferecendo jornais, revistas, quadrinhos e outras publicações que eram parte integrante da vida diária dos moradores da capital mineira.

No entanto, o avanço das novas tecnologias e a transição para a era digital não passaram despercebidos por esses estabelecimentos icônicos. Com a ascensão da internet e a popularização dos dispositivos eletrônicos, as vendas de jornais e revistas impressas sofreram um declínio significativo. De acordo com o Instituto Verificador de Comunicação (ICV), em 2022, a circulação impressa de jornais no país caiu 16%.

Essa mudança nos hábitos de consumo de informações forçou o comércio a se adequar às novas possibilidades. A diversificação dos produtos tem sido a aposta para que o negócio continue de pé. No auge da pandemia, em 2020, João Silva revela que, com a baixa circulação de pessoas por conta das restrições impostas para conter a disseminação da doença, surgiu a ideia de comercializar máscaras de proteção.

Silva, funcionário de uma das bancas na região central da cidade, compartilhou sua visão sobre essa mudança no consumo de notícias: “Houve um impacto. Muitos de nossos clientes habituais agora acessam notícias, fofoca e novelas em seus celulares. Por isso, buscamos nos adaptar, oferecendo mais serviços e até Wi-Fi gratuito para aqueles que passam por aqui.”

A mesma solução encontrada pelo senhor Joel Gouveia, dono de uma banca no bairro Padre Eustáquio há mais de 30 anos, próxima à estação do metrô. Para sobreviver no ramo, a banca do senhor Joel não se resume apenas às vendas dos impressos. Entre cabos de carregador para celular, sombrinhas e isqueiros, o proprietário conta que nas datas comemorativas, a comercialização de produtos específicos voltados para às datas é uma forma de gerar renda extra.

“Além de ser minha fonte de renda, tenho amigos aqui de longa data. Alguns frequentam minha casa, conhecemos as famílias. Às vezes passam por aqui para tomarmos um café e a conversa rende até o fim da tarde,” conta Joel.

Essa metamorfose das bancas de revista em Belo Horizonte vem redefinindo o papel desses estabelecimentos na vida urbana, tornando-os mais do que meros pontos de venda de revistas e jornais. Eles se tornaram espaços de interação social, conveniência e cultura, adaptando-se às necessidades de uma sociedade em constante mudança.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *