domingo, maio 19, 2024
Belo HorizonteComportamento

Popularidade do veganismo cresce no Brasil e pode florescer em BH

Com o aumento da busca por alimentos à base de plantas no Brasil, cidades se adaptam ao ampliar oferta de opções veganas – um desafio à altura da capital que simboliza a paixão pelos tradicionais queijos e doce de leite

Por Flávia Madureira

O mercado de alimentação no Brasil vem sendo modificado conforme uma tendência de dimensão global: o aumento no número de pessoas que seguem dietas baseadas no consumo de produtos de origem vegetal. Os veganos, que consomem exclusivamente alimentos plant-based, foram estimados em 7 milhões no país pela Sociedade Vegetariana Brasileira em 2018, a partir de uma pesquisa realizada pelo IBOPE no mesmo ano.

Os dados obtidos no estudo usado como base para este cálculo apontam um total de 30 milhões de vegetarianos no país, o equivalente a 14% da população. Esses números representam um aumento significativo em relação a pesquisas anteriores, seguindo o padrão mundial do mesmo modelo de consumo.

O Brasil lidera os números na América Latina e detém a maior quantidade de estabelecimentos com oferta de opções veganas, conforme aponta um relatório realizado pela HappyCow (serviço online que lista fontes de comida vegana, vegetariana e saudável) em parceria com a Veganuary, organização internacional que educa sobre o tema e o promove em um movimento anual. 

Uma cidade onde essa conjuntura tem grande potencial de intensificação é Belo Horizonte, que tem tudo para levar a originalidade na culinária e no empreendedorismo, tão fortes na cultura mineira, de encontro à crescente demanda.

Veganismo na Capital Criativa da Gastronomia

Belo Horizonte é uma das cidades brasileiras que vêm fortalecendo seu cenário de gastronomia vegana. Intitulada pela Unesco como Capital Criativa da Gastronomia em 2019, tem a oportunidade de reafirmar esse mérito ao estimular a variedade de alimentos de origem vegetal ofertada pelos restaurantes em geral, além de promover a consolidação dos estabelecimentos dedicados a este público.

O mercado vegano da cidade já tem ganhado espaço por meio de iniciativas como a Paraíso Veg, feira gastronômica itinerante com entrada gratuita, e o Circuito Vegano BH, organizado pelo bar e hamburgueria Seu Trem.

Um dos estabelecimentos participantes deste evento, o Mona Café aproveitou a ocasião para divulgar a marca e captar novos clientes, tarefa facilitada pela coroa de melhor prato do Circuito. A sócia-fundadora Gisele Prado conta que este é, no momento, um dos principais desafios enfrentados pelo estabelecimento – que atualmente conta com as redes sociais como principal estratégia de ampliação do seu público.

Segundo a empresária, outra grande preocupação é a diversificação do cardápio para manter os clientes satisfeitos tendo suas necessidades atendidas. Primeiro café vegano da cidade, inaugurado em agosto de 2019, é administrado cuidadosamente pelo time de sócias, que buscaram qualificação na área de culinária vegetal para investir no cardápio de produção própria: Beatriz Rabello desenvolveu o menu, que foi acrescido pela seleção de doces realizada por Juliana Dias.

Gisele conta que o modelo de negócio ainda pode representar o papel de abrir caminhos para novos estabelecimentos, afinal, a demanda tem se tornado maior. “Em relação ao período pré-pandemia, tivemos um crescimento de público que elevou o faturamento em 50%”, revela.

O café está em fase de expansão e já se prepara para a reabertura em um novo espaço, mais amplo, e com novidades no cardápio. 

Pioneirismo que inspira

Primeiro restaurante vegano da capital mineira, o Las Chicas Vegan já tem quase uma década de história. Fundado por Marilia Gabrielle Andrade em 2015, explora uma culinária responsável e afetiva, e trabalha com a ideia de que a alimentação à base de plantas deve ser disseminada sem segredos.

Segundo o gerente Geraldo Vollzer, o restaurante focado em hambúrgueres e na adaptação de pratos tradicionais, como tropeiro e feijoada, tem em sua cultura o incentivo ao estilo de vida vegano e à prática de uma culinária vegetal acessível, com um cardápio simples que inspira o público a replicar em casa. 

Apesar de ser um veterano no panorama dos espaços veganos de Belo Horizonte, o restaurante foca, no momento, em se reaproximar do público das unidades que encerraram sua atividade em meio à pandemia. “Usamos as redes sociais para nos aproximar do nosso público, mas ainda contamos com os clientes que frequentavam as unidades que pararam de operar”, conta Geraldo.

”A frequência desse público não é a mesma pela localização em relação aos pontos anteriores, mas o delivery ajuda a estabelecer essa conexão”, completa. O restaurante se apoia nessa comunidade para levar adiante os novos projetos de expansão, mantendo o mesmo padrão de qualidade. No momento, a equipe estuda lançar novas unidades.

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